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STJ retoma julgamento contra Ustra por assassinato de jornalista na ditadura

STJ retoma julgamento contra Ustra por assassinato de jornalista na ditadura

Decisão da Corte pode restabelecer condenação de primeira instância, anulada pelo TJ-SP, que determinou o pagamento de indenização à família de Luiz Eduardo Merlino

Luiz Eduardo Merlino. Foto: reprodução

O restabelecimento da condenação do ex-coronel e torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, no caso do assassinato do jornalista Luiz Eduardo Merlino durante a ditadura, volta à pauta do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) nesta terça-feira (7). A análise caberá à Quarta Turma da Corte. 

O STJ analisa a legalidade da decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) que derrubou a decisão de primeira instância pela qual os herdeiros de Ustra foram condenados a pagar R$ 100 mil para a viúva, Ângela Mendes de Almeida, e a irmã de Merlino, Regina Almeida, além do reconhecimento da participação do então coronel nas sessões de tortura que mataram o jornalista.

O processo começou a ser julgado em junho deste ano, quando foi formado placar de 1 a 1 na votação, e passou por sucessivos adiamentos. Ao votar pela anulação da decisão tomada pelo TJ-SP, o ministro relator Marco Buzzi apontou que os crimes atribuídos a Ustra podem ser considerados contra a humanidade. Dessa forma, a pretensão de reparação às vítimas e seus familiares não prescreve. 

Ele acrescentou que a Lei de Anistia, aprovada em 1979 para anistiar crimes cometidos durante a ditadura, não impede o andamento das ações indenizatórias, que são de matéria cível. Já a ministra Maria Isabel Galotti votou para manter a decisão da justiça paulista que considerou o caso prescrito.

Faltam os votos dos ministros João Otávio de Noronha, Antonio Carlos Ferreira e Raul Araújo.

Leia também: Ditadura usou instalações da Petrobras para tortura

Carlos Alberto Brilhante Ustra, cultuado por Jair Bolsonaro e apoiadores, foi um dos mais cruéis agentes da ditadura militar. Ele esteve à frente do DOI-Codi, em São Paulo, entre 1970 e 1974. Nesse período, segundo a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, houve 40 mortes em 40 meses, bem como uma denúncia de tortura a cada 60 horas.

Em 2008, Ustra se tornou o primeiro militar a ser reconhecido como torturador pela Justiça, em ação movida pela família Teles, relativa ao sequestro e tortura de César, Maria Amélia, Crimeia, Janaína e Edson Teles — estes últimos com apenas 5 e 4 anos respectivamente. Quatro anos depois, em 2012, também foi condenado a pagar indenização no caso Merlino. Ustra morreu em 2015, aos 83 anos, sem ter sido diretamente punido pelos seus crimes. 

Nascido em 1971, o jornalista Luiz Eduardo Merlino foi líder estudantil e militante do Partido Operário Comunista (POC) e tinha apenas 23 anos quando foi levado da casa de sua mãe, em Santos (SP), ao DOI-Codi. No local, ele foi torturado por 24 horas seguidas e não resistiu. Após cinco dias desaparecido, a família foi comunicada de que ele estava morto e, segundo a versão oficial, teria se suicidado.

Com agências

(PL)


Créditos Vermelho


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